Hibisco Roxo é um livro da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, uma das mais importantes autoras da língua inglesa na atualidade, reconhecida mundialmente por suas obras e pela luta pelos direitos das mulheres e outras questões de relevância social. Há cerca de cinco anos, assisti a um TED intitulado “O perigo de uma história única” , conduzido por Adichie, e posteriormente li Sejamos Todos Feministas , uma adaptação de outro de seus discursos. Hibisco Roxo narra a história de Kambili e sua família. Seu pai, um cristão católico conservador, oscila entre a generosidade e a violência. O enredo se passa na Nigéria, que sucumbe a um golpe militar logo após uma sangrenta guerra civil. A Igreja Católica é forte no estado, destruindo tradições locais e demonizando tudo o que não parece europeu e branco. A colonização branca surge como uma das principais responsáveis pelo quadro de injustiça social presente no país. A memória do povo é preservada por Papa-Nnukwu, avô de Kambili, de...
Desde que realizei a primeira comunhão, em meados dos anos 2000, não sou mais católico. Nesse período, tive a oportunidade de conhecer um bom número de expressões de fé e aprender com cada uma delas. Estive dos terreiros de umbanda aos templos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida popularmente como igreja dos “mórmons”. Entretanto, a maior parte da minha vida foi dedicada à igreja protestante — mesmo que esse termo ainda seja mal compreendido por boa parte dos brasileiros. Como protestante, fui evangelizado para ser anticatólico durante boa parte da minha vida. Faço um parêntese aqui: nos fundamentos do evangelho, tive o privilégio de ser ensinado por pessoas que estavam mais preocupadas em servir do que em acusar os outros, o que contribuiu para que eu mantivesse uma porta aberta para aprender. Entretanto, essa não foi a norma. A cada templo visitado, em cada liturgia e homilia proferida, o viés anticatólico surgia, criando uma ideia de inimigos consta...