Pular para o conteúdo principal

Postagens

É estratégia do maligno nos deixar envolvidos em questões que tiram de nós o foco da vida.

Muitas vozes ecoam nos momentos mais conturbados da história. A escuta parece algo difícil de ser realizada, pois se pressupõem que todos guardam a verdade consigo. Se todos possuem a verdade, o diálogo não é possível, e não sendo possível, a violência daquele que possuir maiores recursos para dominar ganhará espaço. Não é diferente do que tem acontecido ao nosso redor onde boa parte das pessoas naturalizou a prática violenta contra o seu semelhante. A prática não é nova e me fez recordar uma antiga história bíblica. O evangelista João nos conta que uma mulher foi pega em flagrante adultério. Os acusadores a levaram até Jesus para que se aplicasse a lei judaica que prescrevia que tais mulheres deveriam ser apedrejadas. Indagaram insistentemente por uma resposta de Jesus sobre o fato. Naquele momento, Jesus escolhe chamar atenção para si através do silêncio. Não respondeu rapidamente aos acusadores, mas começou a escrever no chão. Como os acusadores insistiam por uma resposta,
Postagens recentes

Raimundo Jacó, Sérgio Moro e a Justiça dos Homens Que Deu Para o Mundo.

A morte do Vaqueiro é um clássico da música nordestina. Escrita por Luiz Gonzaga e o seu filho Gonzaguinha conta a história do vaqueiro Raimundo Jacó. Em das interpretações mais clássicas do Luiz Gonzaga ele conta que Raimundo era o seu primo e foi o maior vaqueiro que ele conheceu. Ele teria sido assassinado, de maneira covarde, enquanto estava trabalhando no sol escaldante do sertão. O assassinato foi cometido por pessoas poderosas e fica evidente a existência de uma motivação política nessa ação. A angústia de Luiz Gonzaga é que o assassinato jamais foi investigado pela polícia, que nem mesmo um inquérito abriu, levando-o a utilizar a expressão “a justiça do homem deu para o mundo”. Diante desses fatos a única coisa que Luiz Gonzaga poderia fazer era denunciar a covardia dos homens e o desinteresse da lei em respeitar os direitos dos pobres. Passadas mais de três décadas dessa canção que retratava um Brasil cuja justiça é financiada por pessoas “poderosas”, os números atua

Ethos Mundial: Um Consenso Mínimo Entre os Humanos (Resumo)

"No última segunda-feira, 22 de abril, foi comemorado o Dia da Terra. O dia foi criado em 22 de abril de 1970 pelo senador estadunidense Gaylord Nelson com o objetivo de criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais. Abaixo, faço um pequeno resumo da obra Ethos Mundial, Um Consenso Mínimo Entre os Humanos de Leonardo Boff, entendendo que a perspectiva desse autor é mais abrangente quando falamos dos problemas atuais da humanidade".    Ethos Mundial, Um Consenso Mínimo Entre Os Humanos é uma obra escrita por Leonardo Boff, teólogo da libertação e referência nacional quando se trata de temas como ética, ecologia e espiritualidade. O livro é baseado no seguinte questionamento: Como construir hoje um consenso ético mínimo, fruto do diálogo entre as muitas culturas e religiões, que nos permita viver em paz e em prosperidade na única casa comum que possuímos: o planeta Terra? Segundo o autor

Páscoa, a memória de um sonho

Para todos que acompanham a história de Jesus Cristo através da Palestina podem perceber que sua prática em favor do povo marginalizado provocaria adesões e oposições. A chegada de Jesus em Jerusalém acelera o conflito entre os mesmos e demonstra que a neutralidade se torna algo impossível. Segundo as palavras de Balancin “ não dá mais para ficar em cima do muro”. As opções têm que ser feitas: a favor ou contra a Jesus”. Judas optou pela traição. Ele escolheu ficar do lado das autoridades. É a aliança de um discípulo com o centro do poder que leva Jesus Cristo a cruz. Os demais discípulos nos parecem que estão dispostos a defender o projeto de liberdade a qualquer custo. Mas, Jesus que confia na fidelidade do Pai, sabe muito bem que a covardia pode estar escondida por trás da boa vontade de alguns que o seguem. Mas ele está convicto que os discípulos, apesar do acovardamento latente, seguirão seu projeto, por isso planeja:  “depois de ressuscitar, eu irei à frente de vocês pa

O Mito da Hospitalidade

Júpiter, o deus criador e seu filho Hermes, quiseram saber como andava o espírito de hospitalidade entre os humanos. Travestiram-se de pobres e começaram a peregrinar pelo mundo afora. Foram maltratados por uns, expulsos por outros.  Depois de muito peregrinar tiveram de cruzar por uma terra cujos habitantes eram conhecidos por sua rudeza. As divindades sequer pensavam em pedir hospitalidade. Mas à noitinha passaram por uma choupana onde morava um casal de velhinhos, Báucis e Filêmon. Qual não foi a surpresa, quando Filêmon saiu à porta e sorridente foi logo dizendo: Forasteiros, vocês devem estar exaustos e com fome. Entrem. A casa é pobre mas aberta para acolhê-los. Báucis ofereceu-lhes logo um assento enquanto Filêmon acendeu o fogo.  Báucis  esquentou água e começou a lavar os pés dos andarilhos. Com os legumes e um  pouco de toucinho fizeram uma sopa suculenta. Por fim, ofereceram a própria  cama para que os forasteiros pudessem descansar.  Nisso sobreveio grande

Matuto de Nascença e de Morrença

Se eu pudesse escolher uma expressão que me definisse, diria que sou matuto, um matuto de nascença e de morrença. Nasci e vivi os meus primeiros anos de vida literalmente no pé da serra, todos os dias saía ao raiar do sol pela estrada empoeirada até o curral do seu Tota, onde enchia a minha vasilha (bem pequenina, proporcional ao meu tamanho) de leite e levava até os meus irmãos menores. A minha adolescência passei em cidade grande, para os nossos padrões matutos, que na verdade era apenas uma extensão daquela vida da roça. Como cresci nesse mundo, sou um matuto de nascença, só que hoje, vivo nessa metrópole desejando ardentemente terminar todas as tarefas a mim propostas e lá voltar. Quando eu chegar lá, direi que não me acostumei com os barulhos daqueles carros e motos, com a solidão desses apartamentos, com esses poucos e raros laços de amizade, com a pressa de um povo que corre para lugar nenhum, com a violência que corrói a esperança. Sentarei novamente na calçad